Durante minhas andanças por esse Brasil passei por várias empresas e a cada dia me surpreendo mais com o novo perfil de profissional que está surgindo no mercado de trabalho, e pergunto à minha geração, o que estamos fazendo com os nossos filhos ?
O perfil que tenho encontrado é de muita qualificação, muita informação, mas também muita imaturidade, egocentrismo elevado, falta de disciplina e um imediatismo exacerbado. Esta gurizada que está começando precisa se dar por conta que hoje em dia ter graduação e conhecimento de informática é o básico, como era o segundo grau e um curso de datilografia na minha época! Saem da faculdade achando que possuem credencial para engajar no mercado de trabalho com dez salários mínimos. Os poucos que têm consciência que precisam de experiência se sujeitam a ganhar pouco, como estagiário, porém o que tenho visto é que em seis meses já querem renegociar salários. Esse imediatismo está intrínseco nessa nova geração! É claro que estou generalizando, mas é o retrato da maioria.
Minha tese é que estamos investindo pesado em nossos filhos no quesito informação, e deixamos a desejar no quesito orientação. É preciso conversa, é preciso ensinar humildade e disciplina, é preciso mostrar que o mundo é maior e bem mais cruel que a tela do computador!
Na juventude a geração de meu pai começava a trabalhar pensando na aposentadoria, o bom era ser concursado no Banco do Brasil, Caixa Econômica, Correios, enfim ser funcionário público mesmo! A minha geração já foi mais afoita, o barato era ter o mais rápido possível o que a geração anterior teria só depois dos 50.
Sabendo dos riscos, minha geração pensava que "quanto maior o risco, maior o retorno", e buscou a iniciativa privada, se jogou no mercado e em contra-partida abriu mão de alguns preceitos como por exemplo a família (isso na grande maioria), gerando filhos de pais separados. Esta foi a primeira instituição básica a se desgringolar, a segunda foi a escola, mas esta foi obra do governo mesmo! Esta geração atual nasceu assim, sem orientação nem da família (pois minha geração fez questão de minar), nem da escola (que o governo ajudou a destruir tirando autoridade dos educadores).
O processo deveria ser diferente, as empresas deveriam identificar o perfil que precisam e buscar qualificar seus colaboradores em prol desse objetivo. O que está ocorrendo é que uma nova geração de profissionais está invadindo as empresas e estas não estão preparadas para esta mudança. É o que denomino de a revolução da informação! Esta situação aparentemente "inversa" está causando no mercado uma rotatividade de profissionais fora do comum. As organizações possuem um organismo diferente da sociedade, e muito embora os administradores estejam buscando se adequar rapidamente, existe algo denominado cultura organizacional que não é nada fácil mudar.
Pretender viver o hoje como se não houvesse amanhã é utopia, mas buscar viver o amanhã sem passar pelo hoje também o é!
O passado ficou pra trás, mas ainda é tempo de resgatar alguns valores que a humanidade não deveria abrir mão.